quarta-feira, 19 de setembro de 2007

DR... UM MAIS UM É IGUAL A UM.

Quando o momento faz a ocasião.

Dia desses, conversando com uma amiga de longa data, o assunto veio à tona, assim, sem mais nem menos, entre um chopp e outro. Falávamos em relacionamentos amorosos e suas nuances, seus prazeres, necessidades do complemento oposto, renúncias, vôos, descobertas e, o quão seria fácil levar um relacionamento a dois, pela delícia que é, mas, ocasionalmente, um dos amantes tem que cumprir a triste sina de estragar o deleite. E, cá com meus botões, divago.

Fatos irrelevantes são a ponta do iceberg, palavras bobinhas e soltas são o ultimato para instauração da guerra santa: – vai ficar sem o brinquedinho por um mês, viu, Olavo -, reminiscências supérfluas são postas à mesa tipo "seu cara-de-pau, lembra daquela libertina que você não tirava o zóio, naquele churrasco de cinco anos atrás, aquela de minissaia verde e sandálias havaianas que não tinha nada a ver com a blusa roxa?" Pois é, chegou a hora do acerto de contas: Discutir a Relação, o inimigo número 1 de oito entre dez amantes machos, o DR.

É um trauma, uma agonia, ao se chamar(e ser chamado) o parceiro e lhe ditar a pauta: beim, vamos discutir a relação, você tem outra, não me enrole, eu aguento, tá, diz, tem ou não? Ela diz isso, mas pensa consigo, motivada por seus trezentos "sextos sentidos", algo tipo "esse cara é culpado da minha auto-estima estar em derrocada, o que ele está pensando? Que sou como as outras, tá querendo só me pegar e descartar? É ruim hein?!?" Do outro lado é um martírio sanguinolento para o homem, que, por natureza, foge como o diabo da cruz, quando a muié, cabisbaixa e algumas vezes cheio de TPM, vem tirar o justo sossego do homi, macho, machista, cavalheiro, garanhão.

O sujeito que não tem espírito esportivo na guerra santa, salta léguas, desconversa, faz gracejos, imita até o Don Juan De Marco, canta, cheira, declama, afaga e sai de fininho, para em seguida, ir, cada oponente, para um lado do ring. Ela pode nem falar, mas pensa e questiona: que homem mais insensível, cadê o diálogo, o bem estar da relação? É esse o pai dos meu filhos? O que eu fiz de errado? O sujeito homem, vendo que "supostamente" se safou, se sente o poderoso chefão, parte XXI, por ter enrolado a algoz do seu sossego. Se vangloria ser o inteligente do pedaço, o emocionalmente ponderado e maduro. Até quando?

Pronto, está estabelecido o clima enxofre no ar, de provocações banais, sem causa e nexo, respostas tortas e fuzilantes, apesar dos dois dizerem, para todo mundo, que está tudo bem. Que mentira! Os dois estão se pegando no psicológico e, até o rala e rola, não está assim, essa coca-cola toda, está mais para refresco artificial de groselha, aquele mesmo, que vem grátis nos motéis da vida. Nesse ínterim, aparecem mais delongas, nem o refúgio do cigarrinho, que outrora era o selar da noitada feliz, faz desanuviar o mal estar que ELA causou, segundo ELE, claro.

Vai direta daqui, ganchos de lá, soquinhos abaixo da linha da cintura(aí meus bags!), se autoflagelam com a abstinência zen-budista-ioga, exageros dali, dores de cabeça acolá, estress cá, enfim, uma gama de subterfúgios lacônicos que o outro sabe que nem sempre foi assim, e jura de pés juntos, ser o outro, o pai da criança.

Aparentemente normal, os dois vão empurrando, entre sarcasmos e beijos insossos.

A coisa vai tão em banho-maria, até que um dos mártires quebra o gelo, de preferência, tipo 99,9%, ela faz o levante: Sim, beim, o que está acontecendo conosco? Você não me procura mais, você não me deseja mais? O floco virou avalanche. Só que agora não está em jogo apenas aquilo que era pra ser conversado, de imediato, e passado a borracha e bola pra frente, mas o sujeito macho não deu a mínima, agora, vai ter que se explicar sobre tudo e todos, até porque Renan Calheiros ainda é presidente do Senado.

E agora mané? Como sair dessa? Sei não bicho, eu também quero aprender. Mas continuamos com olhar sobre o nosso casal imaginário: Gê e Lavim.

Se o enlace for aquele de vida curta, o que começou na semana passada, por exemplo, as desculpas são estaparfúdias. O sujeito:

- Sabe que é Gertrudes, eu não estou preparado para assumir compromissos sérios, sou novo, não que eu não lhe ame, mas tá cedo para eu me apegar, sabe, né? Ou ainda diz que está passando por dificuldades, que está pensando no relacionamento anterior(que foi ruim, pois ele se decepcionou e não que passar amarguras de novo), não assume porque pode confundir os gênios e não é saudável a nova vítima. Em palavras do cérebro masculino, o sujeito homem está te dando um pé na bunda dizendo claramente: não namoro, nunca vou noivar e jamais vou casar contigo, tá ligada?

Ela, materna e cabeça erguida, faz que entende, para esperar a hora certa do bote clássico: - Você só quis me usar né? E ele - Nã... nãão é nada disso. O sujeito homem não sabe onde enfiar a cabeça. Quer o saco da vergonha? Vá ao "BBB Para Maiores".

Se o agarramento sem-vergonha for aquele com certo tempo, aí a coisa é mais sagaz, tem jogo de interesses: a construção do patrimônio, os filhos, os presentes dados com juras de amor imortal, as não comparecidas na patroa, as cervejadas com os amigos no futebol de sábado, o carro velho dela e o novinho dele, o jantar à luz de velas que ela preparou com tanto sazon e Lavim chega e nem olha, e meio que troglodita, soca bem no ego da questão:

- Oi amor, estou cansadinho, trabaiei pacas, tracei um sanduba no escritório mesmo, vou pegar uma ducha e dormir. Faz favor né, cueca!!! Faz uma forcinha, coma, cometa gula, mas garanta o parque de diversão do mês, não é? Jogo de cintura meu filho, nessas horas use a cabeça de cima pra fazer feliz todas as demais cabeças, inclusive aquela, néam?!?

Gê, sem graça e amélia que só ela, faz de conta que compreende. Aí começa o floco(tipo de neve, saca?). Dentre outras gafes cometidas por nós homens, carregar esse tipo de indiferença durante anos deve ser brochante mesmo para qualquer mulher. Aí começa o começo do fim, algumas vezes e, noutras, nem tanto; particularmente, para os fundamentados, a relação cresce, amadurece, quando o diálogo se estabelece. E tem aquelas ocasiões em que o DR é uma abrupta dor de cabeça, sem precedentes:

- Beien, vamos discutir a relação? Xiii! Vai começa tudo de novo.

Ela resignada:
- Vamos conversar Olavinho?
Ele se fazendo de desentendido:
- Evidente fia, já é.
- Chuchu você ainda me deseja, você me ama de verdade? A pergunta dela é cheia de malícia, o cara resolve ficar no gracejo:
- Que conversa é essa, amor, Você é minha alma gêmea, minha vida, meu tudo. Ela aponta um sorrisinho amareeeeelo e golpeia:
- De que tamanho mooor? – continua a malícia e o carinha já sentindo a forca no pescoço, profana:
- Deeesseeee tamanhão chuchu!!! Te amo do tamanho da Terra Ó!!! – Ele, sem mais nada pra fazer com cabeça, pernas, braços e bags, tenta a última, ao interpretar o sorriso cheio de dentes, de orelha à orelha, braços abertos a la Cristo Redentor, como se quisesse abraçar o globo terrestre e, receptivo, aguarda ansiosamente ser retribuído com um mavioso abraço. Porém, mas, contudo, todavia...
Ela: pensa… - olhar desviado, vago, lábios de lua minguante.
- Que foi?
- Nada.
- E essa tristeza?
- Nada não.
- Mas, você ficou assim, de repente…
- É queeee… sabe… é… tava pensando em algo mais do tamanho da Via Láctea.

Ei balconista, me dá uma caixa de cibalena, please...

É a graciosa, eterna e necessária guerra entre homens e mulheres. Guerrinha esta que se for levada com sapiência: respeito, entrega mútua, jogo de cintura, cumplicidade, lealdade, amor, diálogo coerente, no final, terá apenas um vencedor: o casal.

Kane


*

Avisos:
Perambulando pelo site-meter(dados de visitas), observei que alguns internautas chegam até o SBBB por certas palavrinhas, jogadas nos sistemas de busca. Seguinte, caso chegue até aqui e não ache o que procura, faça uso do sistema de busca do próprio blog que está no Navbar, a barra acima de qualquer blogspot. É... essa mesma, aquela caixinha(à esquerda) escrito "localizar blog", é para ser usada para esse fim. Divirta-se.

Dedico o post à Tânia Prado, pela passagem de suas Bodas de Prata(18/09). Não que haja semelhança em alguma história, da ficção do texto. Sei que não vão pensar assim, mas têm os mal intencionados, logo, é bom deixar bem esclarecido, néam!. E homenageio, sim, pelo regozijo do momento, pois, com as dificuldades, na relação, inerentes a todo casal, chegar aos vinte e cinco anos de casada não é tarefa fácil, contitue-se em grande vitória.

Parabéns! E que daqui a 25 anos possamos parabenizá-la novamente, por suas conquistas e realizações.


Qualquer desaforo ao Kane: sociedadebbb@bol.com.br

0 comentários:

Postar um comentário

Ah, navegante, você sabe as regras de conduta. Não envergonhe Voltaire e faça sua parte. Eu, certamente, farei a minha: deletarei os comentários tolos ou ofensivos a quem quer que seja (comentaristas ou blogueiros). Meta pau nos que venderam a alma pro Boninho.

Contato com Citizen Kane E-mail: sociedadebbb@bol.com.br
.