quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

● Vamos dar o prêmio para a coitadinha!

O Big Brother Brasil, pra mim, é um entretenimento onde tento analisar e me distrair com o comportamento "autêntico", ambicioso, audaz, ferino até, na busca pelo prêmio máximo e, claro, viajar com as histórias adjacentes, construídas e pautadas nos altos e baixos momentos, tristes ou alegres, do cotidiano dos personagens. Não sou chegado à firulas para as câmeras, a fim de ganhar espaço na edição, de nenhum participante. Somente isso? Não mesmo. Tem horas e momentos pra tudo. Lamentavelmente, nossos jogadores aprenderam que fazer personagem virtuoso é a melhor estratégia para o grande público. Todos perdemos.

Quem me acompanha sabe o que penso sobre a direção do programa, que fez de tudo, até então, para extrair uma coalhada desse seres "marcianos" que habitam a casa do Projac. Aqui também, neste espaço, busco sempre buscar a verdade dentro daquilo que percebo nos olhares, gestos e ações dos participantes, e, é óbvio, que as sensações que temos sempre tem correlação como nossa história de vida, nossas experiências, e não apenas falar por falar sem algum embasamento palpável. Lógico que, muitas vezes, erro nas "observações". Mas aprendo na vasta rede de informações da blogosfera BBB, aprendo com os comentaristas que aqui aportam. Confesso que está difícil analisar, difícil gostar de alguém em especial, com seus defeitos, qualidades e jogadas. Exceto o Marcelo e Gy, talvez, o resto se esconde atrás de subterfúgios covardes, como não se conflitarem, sempre tendendo a pacificação simulada dos seus atos. Medo, talvez, de serem vistos como os "malinos" para o Brasil.

Culpa de quem? Nunca é de mais repetir que, depois de sete edições, impondo um maniqueísmo folhetinesco, a direção do programa tem sua culpabilidade. Já lhes disse também, que os jogadores que aí estão, são telespectadores assíduos do programa e viram toda a gama de edição que possa vir à tona com suas imagens e, portanto, fazem malabarismos para fugirem de qualquer estigma que julgam como desabonador. Isto justifica, em parte, o porque desses jogadores estarem melindrados, ressabiados por exporem suas verdadeiras essências e, quando a fazem, se erram na dose, tempos depois, voltam para selar a paz hipócrita. Outro quesito que também corrobora pra este tipo de inércia é o fato de que, eles crêem, fervorosamente que, depois que saírem da casa, suas imagens renderão lucros proporcionais às suas "virtudes", veiculadas aos quatro cantos do país. São jovens deslumbrados com a fama e o dinheiro fácil. Entram com a clara intenção de seguirem carreira midiática. Vide o comportamento de fascinação extremada, frente à mídia, do Marcelo em visita ao Rei.

O discurso do Bial, no dia da eliminação do Felipe, foi contundente, mas, a ação do psicodoido vai ficar na história, talvez, como o ponto de virada deste programa que estava um verdadeiro marasmo televisivo, bom na casca e oco por dentro, sem vida, pois é programa de estafermos guiados pela dissimulação, pela criação de personagens amorfos e mutantes conforme a conveniência do momento.

Marcelo é um cara que faz suas caras e bocas, tem seu momento canastrão como todos, não gosto dele pelo seu descontrole ególatra, sua manipulação despudorada, mas hoje, na aparente festiva madrugada, ele nos levou a ter uma esperança no programa. Colocou contra a parede a falta de atitude dos demais amigos-para-sempre. Ele estava ensaiando há muito tempo fazer o que fez. Seu saquinho estava tão cheio quanto o nosso ao ver apatias, hipocrisia, nulidades e encenações patéticas.

Quando os participantes entram no programa sabem que suas vidinhas serão expostas pelo avesso. São todos maiores de idade, donos de suas ações. Falar, portanto, que um médico de 31 anos não pode digladiar com uma viajada e articulada de 21 anos é balela, é não aceitar as regras do jogo. Quer dizer que ela, por ser imatura, ou se fazer disto, pode tudo, até mijar na cabeça de todo mundo, e ele, por ser mais vivido, não pode colocar sua experiência para avançar no jogo? É a mesma coisa de dar o prêmio para o mais pobrinho, o mais necessitado, o mais sofrido. Nesse caso, vamos passar a mão na cabeça da menina pastora que está em fase de crescimento, não consegue entender suas próprias emoções, tadinha! Assim sendo, vamos dar o milhão ao mais jovem e imaturo da trupe. Chama o Felipe de volta, então.

Ela que evolua, pois vive dizendo que o BBB é a melhor coisa de sua vida, logo, que tire proveito disso e aprenda a ser ela mesma, a respeitar os outros, a não pregar uma coisa e agir diferente. Que os demais deixem cair a ficha e se toquem que se trata de conflitos reais e não a Ilha da Fantasia, ou o mundinho perfeito do faz-de-conta com fundo musical à la "Open Your Eyes".

O erro do Marcelo foi ter falado as suas verdades - ele respondeu a uma provocação - para Thatiana, em momento que ela estava sob estado deprimente de manguaça. Pois as palavras proferidas tomam uma conotação dúbia e ofensiva a quem ouve, e podem ser verdadeiras bombas, cujo poder de fogo é mais devastador do que se intencionava a priori; as emoções se afloram sem racionalização; os medos exalam qualquer defesa medíocre e o desespero se estabelece pela falta de fundamentos que contra-argumentem satisfatoriamente. Assim, fica fácil detectar as contradições. Aliás, o estado ébrio era evidente também na Juliana, que chorou muito, copiosa e compulsivamente até, em função, talvez, da depressão alcóolica.

Em nenhum momento Marcelo falou sobre a orientação sexual para expor o que não gosta nela. Ela foi quem deu sentido para esse aspecto, abriu o leque de possibilidades, vestiu a "carapuça". Ele apenas lhe disse que seria de bom tom ela se preocupar mais consigo do que com os outros, caso contrário pode se perder a autenticidade, deixando nas entrelinhas, que não concorda com o que ela proclama, de que ela e sua turma de amigos são os únicos verdadeiros da casa, e por isso, ela os protegerá, que eles têm que se defenderem dos "outros". Quem são os outros? Ela está tão convicta de que seu personagem tem consistência, que sua cabeça misturou alhos com bugalhos e deixou sair, raivosamente, o grande "segredo". Quem quer saber desse segredo, Cacildas?! Ela é uma personagem irritante mesmo, tenta nos fazer de otários com a conivência de seus pares. Claro, né, eles fingem que acreditam também. Uns fingem que nem é com eles, caso do Marcos. O servilismo dele é patético, vergonhoso para um homem de 26 anos que vê nisso a grande virtude para ser merecedor do prêmio.

Nós, que gostamos do BBB, insistimos com a maratona por sempre acreditar que eles possam dar a volta por cima, consigam se desligar do jogo com as câmeras e se sintam ávidos para a jogatina propriamente dita ou, pelo menos, construam uma história real, com enredo coerente. Sociáveis, sejam sinceros consigo mesmos e verifiquem quem não está se acovardando, quem não faz tipo, busquem, de fato, o humano com qualidades, mazelas e defeitos como você e eu. Se sua consciência apontar pelo menos um, ainda resta esperança.

Espero, sinceramente, que o deslumbramento e a covardia de jogar, dê vez a autenticidade dos movimentos, por mais exorbitantes que eles possam parecer, mas será sincero, honesto, leal com eles e, principalmente com a gente, que os observa na expectativa de amá-los como eles são verdadeiramente.

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