sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

● Médico, Resistência e Atendimento.

A Jogadora

O cúmulo: — Juliana, você está eliminada!
Putz! Revoltou ouvir isto.

Não vou aqui, neste espaço, julgar o jogador Marcelo por sua competência como profissional da saúde. Aliás, é a primeira vez que falo sobre sua profissão, pois eu o encaro como o Urso jogador apenas, o psicodoido. A relação médico-paciente é algo sagrado e que é envolvida de fatores bem claros no ato de ouvir, analisar e avaliar sinais e sintomas, elaborar uma anamnese a ganhar confiança do paciente e implementar uma terapêutica convincente, acertada e, muitas das vezes, até uma "papoterapia" bem conduzida é bem mais assertiva do que a administração de algum fármaco milagroso. Contudo, não esqueçamos, e não desmerecendo nenhuma outra profissão, que, ser profissional da saúde, particularmente, o médico, é estar num status diferencial por, supostamente, o profissional saber ou dominar técnicas que salvem vidas, nosso maior bem. Ele estava eufórico e desnorteado por dentro, pois ganhara a liderança. O simples fato dele conversar com a Juliana e obter respostas já constitue-se em procedimento, pois psicologicamente é eficaz. O fator emocional, neste caso, influenciou para que se estabelecesse a súbita e fugaz perda de consciência da jogadora.

Nenhum bom médico erra deliberadamente, sempre quer acertar, eu relevo, portanto, qualquer deslize que ele possa ter tido porque ele está ali como jogador e estava em grau de descompensação emocional tanto quanto a Juliana. Marcelo é um cara inteligente e não faria bobagem nesse sentido, ou seja, colocar em cheque sua formação. Se sabe diz que sabe e faz, se não, diz que não sabe e pronto, fica mais bonito, é sincero, honesto. Ambos estavam na prova, sob estresse, com a adrenalina fazendo o trabalhinho eufórico no corpo e mente. Portanto, sem condições ideais de raciocínio rápido, ainda mais que sua especialidade é outra e não casos de urgência e emergência como o que se sucedeu.

Culpa mesmo é da produção que deveria ter, ao lado, em cima do lance, o pronto atendimento aos participantes. Não é o Marcelo que tem que parar tudo para socorrer alguém, pois ele é jogador e não médico do Projac. Sim, ele, pelo juramento que fez tem que fazê-lo, mas como fazer de supetão algo que ele não estava lá, a princípio, preparado para fazê-lo? Claro que sai de forma atrapalhada, mas não implica em imperícia ou negligência, mas, talvez, imprudência, pela ausência dos fatores que permeiam a relação médico-paciente, pelo clima nada propício, pela ausência de condições laborativas. Médico é ser humano como outro qualquer. Essa mania de pensar que o profissional passou seis anos estudando de tudo um pouco e que isso lhe confere condições de ser o "tal" na detecção de diagnósticos e pronto tratamento, é surreal. Tanto que, para facilitar, a medicina evoluiu em "especialidades".

Sobre a prova de resistência, quero deixar aqui minha opinião sobre o que vejo nesse tipo de experiência. Eu, Kane, procuro sempre ver o jogador que tem gana de querer ganhar o prêmio do programa. Numa prova que envolve resistência, o jogador mostra força e determinação por sua busca, por mais que não seja o vencedor da prova. O simples fato dele chegar ou superar seus limites é algo surpreendente e que tem que ser contabilizado como ponto positivo na sua história no programa.

No BBB7 não ia com a cara do Demolidor, mas ele teve meu respeito ao vencer o Alemão naquela prova da Gaiola - este pra mim, o maior embate de Titãs. Não canso de repetir que o choro da vitória do Alberto, ao sair da jaula, foi emocionante de ver. Iris, ao ficar com o braço pendurado, por cerca de 18 horas, foi outro marco no BBB7, e olha que ela lutou pra ser Anjo e imunizar outro confinado, imagina se fosse uma liderança?! Embora eu acho que, se dependesse dela, ela só sairia desmaiada de qualquer prova, independente pra que fosse. Ela queria era participar, ganhar.

Neste BBB, a prova do Tótem poderia ter entrado para os anais, mas os três últimos participantes - Marco, Alexandre e Thatiana - brincaram com a gente e não deram o sangue que gostaríamos de ver. O que ficou da prova? O exemplo da Thalita que, em condições de inferioridade, pelo déficit alimentar e estado menstrual, herdou a prova, pois foi uma guerreira. Na prova seguinte estavam lá e em condições de disputar a liderança, de igual pra igual, uma chata, porém resistente Thatiana, e o Fernando, com motivação de sobra para lutar pela sua sobrevivência. Thatiana foi melhor que ele no aspecto psicológico, embora fisicamente parecesse bem mais inteira que o Fernando. Este, infelizmente, foi fraco das idéias, não conseguiu ver mais além, que se perdesse aquela oportunidade, poderia ter sido sacado do jogo. Poderia ali ter dado outra leitura para o andamento do game. Fato consumado, ele foi expurgado pela casa, pelo público. Naquela ocasião, Thatiana ganhou simpatizantes, mostrou que quer o prêmio, mostrou garra. O problema dela é a língua, a dissimulação e o personagem exagerado.

Na prova de ontem, o único que não merecia ter ganho era o Felipe, enquanto o resto permanecia imóvel, ele abusava dos movimentos acima do quadril. Claro que ele percebeu que o segredo era não inclinar o corpo lateralmente, não fazer o pêndulo oscilar. Encontrou o ponto de equilíbrio dos membros inferiores, recostando os pés nos ângulos retos internos e inferiores da cabine. Porém, isso lhe deu uma confiança tal, que lhe fez perder o medo, ele abusou do que descobriu numa tentativa frustrante de ser o expert da prova. Qualquer um faria o mínimo de movimento possível, ele abusou. Não mostrou que queria vencer, mostrou vaidade apenas.

A Penélope Charmosa foi além e, ao lado de Marcelo, fez uma final de prova digna de quem quer ganhar o milhão. Eu respeito isso. Ambos imóveis, num turbilhão de pensamentos e minados pelas condições desfavoráveis de pressão, ar, calor... que a cabine conferia. Eles demoraram até muito naquela cabine, onde o ar fica escasso, o calor agoniza, suores são excretados, a mente castiga, o corpo ortostático pesa, a circulação quase estagna, o coração e pulmão buscam trabalhar no sentido de eliminar a fadiga dos músculos estáticos. Parece fácil pra quem assiste, mas não é. Não quero com isso dizer que os outros não queiram ganhar o milhão, estou apenas justificando que vejo positivamente jogadores que lutam contra as limitações orgânicas e emocionais. Na prova de ontem, tirando Thatiana e Marcos, que, infelizmente saíram de cara, pois poderiam abrilhantar mais ainda a disputa, os demais mostraram algum valor. Em suma: Juliana e Marcelo contaram com o fato de Thatiana e Marcos terem saído, Gyselle, Rafinha e Natália chegaram no seus limites e sucumbiram. Felipe tripudiou da prova, restando os dois.

A "frágil", porém, determinada Juliana vem, sim, vencendo, evoluindo, mudando sua postura, procurando se adequar, se superar. Soa falsa, caduca, mas é o jeito dela. Se não dá para gostar das palavras, do discurso, esnobe, muitas vezes, dá, pra pelo menos, admitir que ela tem atitude, tem perseverança. Em sua queda física ela foi vitoriosa na complementação de sua história no BBB8, vem somando pontos positivos, a luta na prova foi mais um.

E, sim, o psicodoido mereceu vencer a prova. Parabéns pra ele. Não gosto dele, mas meu gostar é o que menos importa. Eu anseio vê-lo em situação que for contrariado, aí, sim, eu quero ver o jogador que ele é.

Não sei se aconteceu antes, mas o fato é que, os cuidados com a saúde dos brothers devem estar acima de tudo. Não sei se não existe também, um pronto atendimento de plantão, de forma a agir rápido no socorro de alguma eventualidade parecida. Sei que existe um excelente ambulatório para atendimento no Projac, afastado da casa, mas, pelo menos, numa prova como esta, é de bom tom ter uma equipe e recursos, de prontidão, logo ao lado. Pois é lá que o "Brasil" está de olho, é lá que os jogadores estão nos divertindo, se expondo, se exaurindo. Se existe, faltou rapidez no atendimento.

A responsabilidade é grande, o retorno financeiro para a emissora é imenso, e o que se exige é o mínimo, isto é, transparência e segurança nas ações.

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