quinta-feira, 20 de março de 2008

● God, me ilumina também!

Gyselle Soares
Imagem: Mark

Deixa eu tentar entender, na minha mediocridade, o Big Brother Brasil oito – a edição de uma pessoa só: a que se faz de excluída, sua saga, seu jogo, sua estratégia.

O jogo começou prometendo um embate das mais diferentes personalidades, “anônimos escolados" e viajados, cujos perfis colocariam as torcidas em polvorosa, na busca de defesas ferrenhas por seus jogadores preferidos. A coisa prometia ser bacana de acompanhar. O jogo começa, as personalidades e perfis ficam no papel e o que se seguiu foi muita enganação e construção de personagens fakes, deslumbrados, tipos envoltos de virtudes mentirosas.

Deparamos-nos com a centro-avante que fala com almofadas e plantas, faz discurso moralista de dia, e de noite cai na zona, era a eleita da Santa do Créu para se dar bem na Terra — seja feita a vossa vontade. Foi a participante mais competitiva do programa, deu o sangue, reconheço sua busca. Teve a seu favor, a felicidade explícita de estar realizando o seu sonho, fez bonito nas provas que participou, mas o jogo conta com carisma também, ela exagerou na personificação falseta, se perdeu no amor gélido com o escamoteado cozinheiro.

Nos deparamos com uma miss que se faz amiga de infância de todos, faz voz tatibitate, um charme só, é puxa-saco dos líderes e de seus mais afastados para se proteger, escancarou a bocarra e ditou chulismos, vistos aqui fora como achados importantes, o supra-sumo da espontaneidade, passando a imagem de moderna e autêntica, quando no fundo de seu âmago, suas palavras e ações entregam a contradição de seu personagem. Chora de forma piegas, em descontrole claro e forçado do medo de votar e ser votada, mesmo sabendo que entrou ali com essa única obrigação. Se perdeu no jogo ao fazer casal para edição, frustrou seu parceiro, mentiu pra ele, mas não mentiu para o PPV, o cara saiu como corno, ela, apesar de ter carisma construído nas coxas, sai como vítima, pois estragaram a colônia de férias da xexeca dourada.

Um animador de festas que se escondeu, até de si mesmo, na maior parte do tempo na cozinha, é pai de todos, foge dos conflitos, fez junto com outra o casal mais fake que se teve notícias até hoje. Confesso que ultimamente tenho olhado o Marcos com mais boa vontade, ele exagera, mas passa alguma comédia nas ações, ele diverte com o seu ridículo modus operandi. O último exemplo de que estava fazendo personagem de gibi e casal de conveniência, foi aquele choro ridículo na saída da sua amada. Thalitão, o que foi aquilo? O cara te ganhou no dramalhão e sem fazer curso.

Um galã paraguaio que diz que nunca assistiu ao programa, mas é internauta assumido, entra depois de todos já estarem confinados, e, segundo diz, as informações que detinha não eram comprometedoras ao jogo. Estranho ele querer se aproximar da Gy – que já era a mais popular, desde os primórdios. Eu gosto do Rafinha. Sério. Se ele levar o prêmio por votação da maioria, eu aceito na boa. Pois ele é o único que assume estar jogando, e no jogo, vale mentir, blefar. Sejamos francos, então, ao analisar o Rafinha. Ele não foi verdadeiro em sua personalidade, ele blefou, jogou, usou das jogadas germânicas... Lançou mão da foto da amada para espantar a tentação das meninas loucas por carinho. Estranho e contraditório, pois seu membro ereto denunciou a paixão pela amada, pois ele, de tão apaixonado e fiel, consegue enxergar em toda mulher na sua frente, a imagem-espelho de sua futura esposa. Estranho um cara que de tão honesto e caráter verdadeiro, afirmar para o PPV que tocou, amou tocar com o Paulo Ricardo, portanto, realizou um sonho, e momentos depois, no ao vivo, se contradiz afirmando que sabia que o aparelho estava desligado. Cai assim, até as cenas que ele fizera com Marcelo. Passo a entender que ele simulou compreender os motivos do cara, preferindo passar a imagem de que estava triste, por não ter reconhecido o paizão Marcelo antes, inclusive lhe agradecendo por ter sido aceito por ele. O cara joga muito. Merece chegar... não que tenha feito excelentes jogadas, mas porque assumiu que está lá pelo milhão. Tem carisma e está no páreo.

Esses jogadores conviveram na casa como vivem aqui fora? Não creio, eles, na maior parte do programa, fantasiaram e construíram fatos para serem editados. Jogaram para fora e esqueceram de se entregar na convivência pura e simples. Nos fizeram de otários.

Falar dos demais não vou, pois os personagens deles foram tão fracos que escafederam, sumiram no vazio, exceto a Thalita, que foi uma personagem interessante, pois movimentava o jogo, era divertida, apesar de exagerada, os demais caíram na esparrela da curtição descompromissada, votando nos aliados e amigos, fugindo dos conflitos e nos enfiaram goela abaixo a falsa amizade eterna, apontando a mais vergonhosa hipocrisia que se teve notícia nas oito edições do programa. Não é reality show, é laboratório para atores de Malhação.

Sobre Marcelo? Não tenho muito a comentar, ele foi o mais fraco dos jogadores, pois se não colasse na Clessy — sua prostituta-divã —, ele teria vazado no primeiro paredão, e sem ser lembrado como alguma coisa. Ele se perdeu na inveja e ciúmes ao ser preterido. Aquilo que ele chama de sinceridade e “arrancar máscaras”, eu chamo de desespero.

Gyselle Soares não compactou com o folhetim, não se deu ao trabalho de participar do show de horrores, a hipocrisia era tão na cara que todos concordávamos que ela era autêntica, era soberana em atitudes, em não fazer coro nos clipes para edição à la "Open Your Eyes". E, de uma hora pra outra, o quadro mudou. O que aconteceu? Deus iluminou as cabeças enganadas? Deu, a esses seres, a capacidade de ver que o comportamento marciano dos demais, era o correto, digno e sincero com o telespectador, enquanto o dela, oportunista, frio e calculado? Sei.

Diante de um quadro inerte e amorfo, com figuras mentirosas, chatas, sem brio, sem carisma, desinteressantes, sem vontade de se mostrar e dissimuladas ao extremo, o que fazer? Ficar no sapatinho... Não deixa de ser uma estratégia, já que se constituirá na vencedora. A menos que Zeus priorize sua vaidade.

Não acho que ela se excluiu, mas, para efeito de análise, vamos dar razão, momentânea, a essas pessoas que foram abençoadas pela iluminação celestial. O que é que tem ela usar da estratégia de se auto-excluir? Ela foi mau-caráter por isto? O que é que tem ela fazer, também, o seu personagem, para anular os demais mal-elaborados, fracos e estafermos? O que é que tem ela usar de seus belíssimos traços, sorriso campeão, carismático, flechando observações certeiras e oportunas, evidenciando seu discernimento? O que é que tem ela se fazer para ganhar o jogo?

Ah, tá, não é mais jogo, agora é novela, então a piauiense tem que ser punida por não ter entrado na onda folhetinesca do programa? Lhe será arrancado o prêmio, então, por ter feito jogo, porque não deu prosseguimento ao script que os demais atores da trupe seguiram? Maldita seja, então, pois ela foi contra a produção do programa, contra os blogs, contra tudo e todos, fez a estratégia do silêncio. A falseta e pseudo-casta Gy errou por querer jogar. To morrendo de peninha dela. Ô dó!

O Big Brother é Gyselle Soares, pelo seu jogo diferenciado. Pois tudo que aconteceu de relevante, lá estava ela, ou protagonizando, ou sendo referência, ou sendo lembrada, ou se posicionando, até sua indiferença bradou mais alto que os gritos calculados e desmedidos de Thatiana e Marcos. Só não enxerga quem não quer, quem quer encontrar pelo em ovo para justificar o injustificável: o enredo surreal movido pela vaidade tacanha de não aceitar que perdeu. Foi game over pra todos desde quando ela sorriu pela primeira vez.

Foi a mais votada pela liderança e pela casa, a mais coerente na sua personalidade, não fez média para passar idéia de virtuosa, se mostrou com defeitos reais, com reações normais dentro de um jogo de confinamento. Ela é Gyselle Soares, a mesma, desde a primeira semana, onde mostrou, de cara, que manteria a serenidade para jogar entre tolos e fakes. O povão que tudo vê, sacramentou ali quem seria a vencedora dessa joça.

Expliquem-me, pois se ela não foi verdadeira e autêntica, ela dissimulou tanto quanto os outros, não é? Então, se os outros dissimularam e jogaram bem, e foram aceitos, ela também jogou, certo? Só que não é aceita. Por que mesmo?! Logo, não consigo entender essa parte, pois é ponto comum que ali ninguém se mostrou verdadeiro, como, então, cabe a ela, agora, depois da iluminação divina, ser a única que não jogou? Ela foi anti-jogo? Caracoles, fundiu minha cabeça. Ô jogo está difícil de entender. Vou chamar meu sobrinho de seis anos para me explicar, ele é iluminado.

Fácil seguir o script da globo.com. Difícil, porém, honesto, é assumir o que os olhos vêem, o que os gestos e olhares dizem, o que de fato é. Fácil imputar a ela o fracasso do BBB, quando tínhamos outros treze que nada fizeram. Fácil demais. Ela deve mesmo ser defenestrada do programa por ter seguido o seu jogo, sua vontade, sua intuição. Ela merece mesmo ser enxovalhada por ser ignorante, falar português errado, ter cabelo pixaim, ter lutado por seus interesses, ter namorado preto, branco, azul, ter feito programa na França, ter nascido... Ela deve perder o programa mesmo, por representar muito mal as mulheres, por ser nordestina e ter entrado no programa e feito personagem de pobre, burra e excluída. Ela deve, realmente, cair no ostracismo, por ter derrotado seus oponentes autênticos e cheios de personalidade. Pena que eles ficaram do lado de fora da casa.

Na reta final, nossos quatro jogadores – Gyselle, Rafinha, Marcos e Natália – representam o que foi o programa, foram os escolhidos para ficar e disputar o grande prêmio. Sinceramente? Quem desses quatro contribuiu mais para o jogo? Quem vendeu mais notícia? Quem mais recheou posts pró ou contra? Jogue no Google o nome de cada um e você verá quem foi notícia, e, conseqüentemente, será o nome do jogo, para o bem ou para o mal. Quem desses foi quem mais dinheiro fez a emissora ganhar? Dê uma corrida em todos os blogs e veja quem é notícia, quem faz e acontece.

O jogo só não está ganho porque a emissora não a quer campeã. Teve a pachorra de dizer que os demais meios de comunicação e suas enquetes são mentirosas, pois os jogadores estão em pé de igualdade, não há favoritos. É tão verdade, que o site globo.com edita manchetes e textos mentirosos, na tentativa de fazer valer o que Bial proclamou. Triste ver seguidores dessa cruzada paranóica, de amantes que se guiam pelo script do Boninho. Copie e cole, então. Siga qualquer capim que o cara escreve. E dizem que assistem PPV. Faça-me rir!

Só o simples fato de se constatar o que estão fazendo no site oficial, já seria motivo suficiente para desconstruir qualquer argumento. Risível!

Gyselle, a autêntica, levará por ter sido a única a mostrar quem é — eis o meu pensamento sobre ela. E, se não foi autêntica e fez personagem — pelo pensamento iluminado —, ela foi melhor que os outros, pois conseguiu enganar a todos até agora, quando faltam seis dias para acabar o programa. Sei que não foi personagem, mas se foi estratégia, ela está de parabéns, pois jogou num programa que tem essa premissa. Azar do resto que não teve estratégia melhor.

Tirem o prêmio dela e verão o que vai acontecer. A popularidade dela nas ruas será bem maior que a do campeão da edição. Torço muito pra Natália líder e que indique ela, a quero na berlinda novamente. Medo do Rafinha, não tenho, ele perde o embate.

Boninho, faça o seu campeão, faça, puna a jogadora que cagou pra você e sua produção. Vou assistir de camarote, comendo pipoca e tomando cajuína.


Os elogios não me elevam, as críticas não me abalam, sou o que sou e não o que acham!” Frase do perfil de Gyselle Soares.

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A maior sandice que já li por aí nos últimos minutos: que se ela ganhar, no próximo ano teremos 14 Gyselles. É tão verdade isto que este ano teve 14 Diegos. Assim como já tivemos quatorze Bambans, 14 Maras, 14 Caubóis e assim sucessivamente. Eu hein! Diz que é piada, vai! Putz! Jesus, me chicoteia!


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Ah, navegante, você sabe as regras de conduta. Não envergonhe Voltaire e faça sua parte. Eu, certamente, farei a minha: deletarei os comentários tolos ou ofensivos a quem quer que seja (comentaristas ou blogueiros). Meta pau nos que venderam a alma pro Boninho.

Contato com Citizen Kane E-mail: sociedadebbb@bol.com.br
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